Capítulo 3 - Os Mortos Não Falam
Enquanto Sabrina tomava seu
café, Cristian dava uma olhada nas informações da pasta. E em voz alta ele começara
a ler o que alí estava escrito:
_ Eloíse, mulher branca de vinte e oito
anos; cabelos louros na altura da cintura; olhos castanhos; nariz fino e
arredondado na ponta; tem uma leve falha no final da sobrancelha direita e uma
tatuagem de uma borboleta na nuca. A vítima foi encontrada na área do
estacionamento pelo segurança Guilherme da empresa Top Informática e Acessórios
Eletrônicos; local este onde a vitima também trabalha. Eram por volta das vinte
três e quarenta para zero hora quando a vítima levou...
_ Uma facada no abdômen. - Disse Sabrina
completando a frase de Cristian e interrompendo o investigador. - Fui eu quem fiz
esse relatório. Isso é algo bem superficial. Não especifiquei ai tudo que eu vi,
porque eu queria continuar no caso. - A investigadora tomou a pasta de Cristian
e seguiu em direção a saída falando alto. - Não se apegue a essa pasta. Vamos
até o hospital interrogar a vitima. Com certeza ela tem algo para nos dizer.
Os investigadores foram até o
estacionamento de viaturas e pegaram uma para eles e saíram em direção ao hospital sem
perder mais tempo. Já na recepção do hospital, Sabrina se identificou e ao seu
colega, e seguiram para o quarto quinhentos e nove no quinto andar. Eles
bateram na porta e entraram sem aguardar qualquer autorização. Logo de cara
avistaram uma mulher deitada na cama do hospital, ligada a vários aparelhos e
fios. A vítima estava desacordada, e um homem de mais idade estava assentado em
um sofá no canto daquele quarto. Assim que os investigadores adentraram aquele
lugar, o senhor que estava assentado, colocou-se sobre seus pés e os encarou.
_ Bom dia! - Disse a investigadora. - Meu
nome é Sabrina e esse aqui é meu colega de trabalho, Cristian. - Ela não pausou nem
para respirar. - Somos policiais, e estamos aqui para fazer umas perguntas para
Eloíse.
_ Bom dia investigadora. Desculpe-me pela
falta de educação, mas estou receoso que o agressor da Eloíse tente fazer
mais alguma coisa a ela. - Disse o homem com um cansaço no olhar. - Mas receio que vocês
não poderão perguntar nada a ela. - Ele respirou fundo antes de continuar. -
Pelo menos por enquanto.
_ Teremos que acordá-la para fazer nossas
perguntas. - Afirmou Cristian ponderando as palavras. - Infelizmente!
_ Vocês não entenderam. Eloíse está em
coma devido a gravidade do ferimento. - Aquele senhor abaixou a cabeça. - Não
há como vocês perguntarem nada mesmo.
_ Nossa, que triste! - Disse Sabrina.
_ E o senhor, como se chama e qual e a sua
ligação com a vítima? - Perguntou Cristian.
_ Meu nome é João. Sou o pai da Eloíse.
_ E por qual motivo você tem medo de que o
agressor dela retorne?
_ Nos últimos meses Eloíse namorava com um
homem violento, e que tinha envolvimento com gangues da cidade. Mas há uma
semana ela terminou o relacionamento com esse homem, e ele por sua vez disse
que isso não ficaria assim. - Afirmou João convicto do que falava.
_ O senhor sabe nos dizer o nome dele?
_ Acho que é Miguel Matarazzo. - Disse João
para Cristian que anotava tudo que aquele senhor falava. - Só não sei onde vocês
podem encontrá-lo.
_ Não tem problema! - Disse Sabrina
tomando a frente da conversa. - Nós daremos nosso jeito de descobrir. - A
investigadora tirou um cartão do bolso e entregou para o pai de Eloíse. - Qualquer
coisa que lembrar ou achar suspeito nesse local, ligue imediatamente para esse
numero no cartão.
_ Obrigado! - Falou João apertando a mão
de Sabrina. - Prendam o sujeito que fez isso com a minha filha.
_ Pode deixar conosco. - Sabrina olhava João
nos olhos. - Te dou minha palavra de investigadora.
Ambos os investigadores saíram daquele
hospital. Sabrina apanhara o celular e discara alguns números; agora ela aguardava
a ligação completar.
_ CPD (Centro de Processamento de Dados)!
- Disse alguém do outro lado do telefone.
_ Fred, aqui é a Sabrina. Preciso que
localize a residência de uma pessoa pra mim.
_ Qual é o nome?
_ O nome dele é Miguel Matarazzo.
_ Aguarde um instante. - Sabrina ficou
esperando na linha enquanto ouvia ruídos de teclas sendo apertadas. Não demorou
mais do que um minuto, e Fred voltava para a linha. - Sabrina?!
_ Estou aqui!
_ Esse Miguel Matarazzo está no banco de
dados da polícia. Foi fichado cinco vezes. Quatro por assalto à mão armada e
uma por invasão de propriedade privada. Há seis meses saiu da Penitenciaria de
Monte Verde em condicional. Sua residência fica na Rua Alameda dos Ventos, número
trinta e sete, bairro Bom Jardim.
_ Obrigada Fred. Fico te devendo mais uma.
_ Vou cobrar tudo depois Sabrina. - Falou
ele com um tom mais suave. - Sa!? - Ele voltou a dizer tentando impedir que a
investigadora desligasse.
_ Estou aqui ainda!
_ Nos vemos mais tarde?
_ Talvez. - Disse ela se afastando de
Cristian com o receio de que ele ouvisse alguma coisa. - Se eu for; te envio um
SMS confirmando. - Ela concluiu desligando o aparelho e olhando para Cristian.
- Temos o endereço.
_ Então vamos logo ver o que ele tem para
nos dizer. - Afirmou Cristian entrando na viatura no lado do passageiro.
Devido às características do suspeito, e
por estarem em um bairro perigoso, ambos os investigadores desceram da viatura
com as pistolas em punho. Cristian seguiu para os fundos da residência,
enquanto Sabrina ia pela frente e batia na porta. Ela esmurrou a porta da frente
por três vezes; olhou pela janela e não avistou ninguém. Seguindo para os
fundos da residência para procurar o parceiro, Sabrina viu a porta aberta, e
foi logo entrando. Ela apontava a arma para frente e já preparava um disparo
caso fosse preciso. Quando ela entrou no corredor que levava para os quartos,
ela se deparou com um homem apontando uma pistola em sua direção. No exato
momento que ambos reconheceram um ao outro, eles abaixaram as armas
simultaneamente. A casa estava vazia, só havia os dois policiais no local.
_ Como conseguiu abrir a porta? -
Perguntou Sabrina. - Se não sabe, invadir um casa sem mandado, caracteriza invasão
de domicilio.
_ Eu não invadi, a porta estava aberta, e
com receio do morador estar correndo perigo, eu adentrei para salvar a vida
dele. - Afirmou Cristian sorrindo.
_ Não precisa mentir pra mim garoto. -
Sabrina sorriu de volta. - Sei que a porta estava trancada porque vi pela janela
da frente. Você abriu de alguma maneira e entrou.
_ Já passou pela sua cabeça de que a porta
poderia estar destrancada?
_ Uma pessoa com as características de
Miguel Matarazzo nunca deixaria sua casa aberta. - Ela olhava ao redor. -
Confessa vai, você arrombou a porta!
_ Não arrombei. - Afirmou Cristian. -
Apenas destranquei.
_ Vejo que você não é tão certinho como eu
pensei. - Ela olhava para dentro de um dos quartos. - É bom saber que você também
tem essa habilidade.
_ Mas esta habilidade não consta na minha
ficha!
Sabrina ia responder o parceiro quando o
celular dela toca. Ao olhar para a tela do aparelho identificou o número da
delegacia. Ela atendeu normalmente a chamada, e ficou em silêncio para ouvir
quem falava com ela. Cristian observava Sabrina, quando a expressão dela mudou
bruscamente. Ela arregalou os olhos e fez um cara de susto misturado com
surpresa. Segundos depois Sabrina desligou o celular e já foi dizendo.
_ Temos que voltar para o hospital!
_ Por qual motivo? - Indagou o
investigador.
_ Porque Eloíse foi assassinada!
***
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